No boteco, vendo um clip de Peter Gabriel — Mercy Street (Live)
Velho estou quando rumino “não fazem mais coisas assim”.
— Não, seu moço, não é que não fazem, é o senhor que não conhece, ora!
Jovem estarei quando sentir como belas as belas obras, que são, serão, de hoje, de sempre.
Entre ser jovem ou velho, sou apenas eu, atemporal, a grande sacada da vida, enquanto é tempo! O corpo passa, mas algo em nós fica — ficará? — eterno e cada vez mais feliz, mais jovem. E nada como a música pra nos mostrar isso.
Ah, e quando o filme terminar, que seja à francesa, por favor.
Pá, puf, acabou!
A música ainda restará nos letreiros…
P.S. Não sei por que, mas os [espíritos] velhos (ok, sou um deles, também posso) que me desculpem, mas felicidade tem mesmo é cara de juventude. Ser ou estar feliz é sentir-se jovem. De uma juventude que não conhecemos nem mesmo quando somos jovens — ou, contraditoriamente, até mesmo porque, então, éramos apenas jóvens.
P.S. 2 Não me perguntem o que diz a música. Não entendo músicas, letras, nem mesmo em português. Fico só com o som, sempre…
Eu acredito que é exatamente assim: quando somos jovens, e justamente por isso, não conseguimos entender que é hora de amor e felicidade. Apenas queremos viver… que tolice! Depois, quando amadurecemos, resta a consciência do que não foi, mas poderia ter sido, na impossibilidade atual de tornar a ser.
Beijos.
É isso, né Lucas! No fundo, passamos boa parte da vida, jovens ou maduros, no “poderia ser”, e raramente descobrindo o que “pode ser”. Não porque gostemos, mas por não saber fazer de outro jeito. Os raros que descobre. Os que sabem, fazem e vivem plenamente cada fase, me parece, são poucos. Eu nunca fui um deles…
Beijos
Legal! Principalmente seu texto.
Bom te rever por aqui, Emildo! Obrigado!
Abração
Eu adorei o texto. Muito. De uma sensibilidade tocante.
Obrigado!
O fato de sermos jovens imaturos (claro, nem todo jovem é imaturo) mas a grande maioria sim , dificulta entender o amor e a amizade … e mais uma porção de sentimentos.
Cleber, há um tipo de maturidade — talvez fosse melhor mencionar como “experiência” — que só vem mesmo com a idade. Não porque quando jovens sejamos incapazes, mas porque exigem exatamente isso: tempo, vivências, experiências, muitas aulas, com diferentes professores e professoras. Aprender com a vida, enfim.
Se pudéssemos ser educados com menos expectativas inatingíveis, falsos objetivos, projetos e metas impossíveis, se pudéssemos aprender desde cedo que a felicidade é algo muito pessoal, como o ato de respirar, procurando desde cedo uma espécie de autoconhecimento que pudesse nos indicar tudo isso, se pudéssemos pensar desde pequenos em competir menos e melhorar sempre, se pudéssemos nos respeitar e respeitar o próximo, sempre, sem expectativas, sem julgamentos, enfim, se pudéssemos reaprender a viver, esse comentário que escrevi nem seria necessário, não teria sentido algum.
E, apesar da necessária experiência para muitas coisas, eu acredito mesmo é que as mudanças e a evolução são obra da juventude, esteja ela abrigada num corpo jovem, ou viva experiente e confiantemente num peito já fisicamente cansado.
Se pudéssemos nos educar para a eterna juventude do espírito, e não do corpo que um dia voltará a ser apenas um amontoado de moléculas abrigadas em outros corpos e outros seres… o mundo seria outro.
Mas a felicidade é algo muito perigoso. Daí que tudo conspira contra ela.
Gente feliz é gente muito perigosa!